A nanotecnologia está se movendo rapidamente do laboratório para as prateleiras dos supermercados e dessas, para as nossas mesas de jantar.
Essa onda de mudanças tem o potencial para revolucionar nossa percepção sobre os alimentos e nosso sistema alimentar. As pesquisas nesse sentido tem sido realizadas principalmente para melhorar o comportamento funcional do alimento. E a nanotecnologia pode ser aplicada em todas as fases do ciclo alimentar – do produtor ao consumidor.
Essa revolução nanotecnológica promete benefícios na segurança alimentar, na qualidade dos alimentos e no prazo de validade, pois poder promover inovação na textura, no sabor, na processabilidade e na estabilidade durante a vida de prateleira dos alimentos.
As principais áreas de aplicação incluem embalagens para alimentos e produtos alimentícios que contenham ou ingredientes e aditivos encapsulados em sistemas nanométricos. Identificação de bactérias e monitoramento da qualidade do alimento utilizando biossensores; sistemas de embalagens inteligentes e ativos; nanoencapsulação de compostos bioativos são alguns exemplos de aplicações emergentes de nanotecnologia para a indústria alimentar.
O potencial para as aplicações da nanotecnologia em alimentos parece ilimitado e uma característica interessante nas pesquisas que estão em andamento, é a utilização de compostos que são próprios dos alimentos para desenvolver esses “novos produtos”. Diminuindo assim a quantidade de produtos químicos que não fazem parte da composição natural do alimento.
Como exemplos podemos citar: o aproveitamento de micelas de caseína como um nanoveículo natural de nutrientes para a liberação de bioativos hidrófobicos; nanotubos formados à partir da hidrólise enzimática de um a-lactalbumina; técnicas de encapsulamento baseado em gelificação a frio que podem ser utilizadas para liberação de moléculas sensíveis ao calor, como os probióticos; utilização da reação de Maillard de proteínas de leite e polissacarídeos para encapsular bioativos; introdução de nanocomplexos β-lactoglobulina-pectina para a liberação de produtos nutracêuticos hidrofóbicos em bebidas.
Os ingredientes alimentares nanoestruturados estão sendo desenvolvidas com a proposta de que eles oferecem uma melhor sabor, textura e consistência. Por exemplo, maionese e sorvetes contendo baixo teor de gordura nanoestruturada podem ser mais “cremosos” do que aqueles que utilizam esses lipídeos na forma natural, oferecendo com isso uma opção mais saudável para o consumidor.
É amplamente esperado que os produtos alimentares derivados de nanotecnologia estejam disponível para os consumidores em todo o mundo nos próximos anos.
No entanto, é importante lembrar que ainda não houve pesquisa científica suficiente sobre os benefícios que esses produtos proporcionam, nem a avaliação dos riscos potenciais relacionados à aplicação humana.
Por Gyselle Holanda
Adaptado de: Sekhon BS. Food Nanotechnology – an overview. Nanotechnology, science and applications, 2010:3, 1-15.
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